terça-feira, março 24, 2015

o homem e o seu processo


o homem e o seu processo
e duas sandes na sacola
enfrenta montes
enfrenta mares
vive sortes
esquece azares

o homem e o seu processo
e uma só muda de roupa
lava o frio
leva o caminho
acompanha a solidão
e nunca anda sozinho

o homem e o seu processo
e três berlindes para jogar
sobe tudo
sabe nada
dá o que vai saber
e faz das mãos a sua enxada

domingo, dezembro 16, 2012

sebenta gourmet


pelo traço que me  faz
sinto a viagem que me espera
e o salpico que ja fui
foi olhar que te abraça

se não fosse mais além
o segredo partia o modo
de se estar no mesmo medo
com o sorriso que eu broto

a barca que velejo
no vento que ainda se faz
vem-me aos braços o espanto
de poder não ser fermento

insisto no passo que traduzo
no intruso que me sinto
para trás não me aconchego
para a frente estou perdido

se vieres no compasso
não me cruzo onde marco
vejo mais cedo o carreiro
onde o manto foi pisado

e se o tempo já passou
sei coser com melhor linha
o rascunho cicatriza devagar
mas o desenho já está feito

quinta-feira, novembro 29, 2012

catálogo de outono


e nos olhos que desmonto
de dentro para onde vejo
espalho pelo chão
a manhã que me acordou
limpo as partes que caíram
com a roupa que não dobrei
e identifico os tratados
com as normas aprovadas
sapiência sem brilhos
mas com sucesso no mercado
agora tenho os movimentos catalogados
à espera de perícias de rotina
e parto pela esquerda do caminho
no direito que me quero
aprendo com o rasto que me abandona
que o futuro é quem fica


amor é agasalho


nas asas que sustento
chegam raízes que me servem
faz-se muito com sentido
do pouco que nos esconde
com os passos que me despertam
nas horas em que adormeço
sigo descalço pelas pedras
para voltar à impureza
desta vez não tenho nada
nem sementes para lançar
a nudez da minha mão
é promessa de caminho
no lado onde encontrei
este coração que trabalho
não preciso mais de armas
porque amor é agasalho

sexta-feira, novembro 23, 2012


o admirável mundo da fast food


escondem-se muros com retórica
na ousadia da tradição
calam-se silêncios com embalagens
e vestem-se fatos de gola alta
já estão todos preparados para a festa
a gula traz mais prazer quando partilhada
e o inverno fica mais distante
das nossas mãos geladas
todos gostam da cerimónia
mesmo que não haja oração
vamos crescendo indecisos
devotos da autopromoção
fixados no prazer longe da nossa voz
a lucidez da utopia torna-se contraditória
os pregos que se arrancam são marcas efémeras
numa carne sem sentido
metáforas deliciosas
transforma-nos em eufemismos
e agora todos batemos palmas
como forma de gratidão
matamos mais de nós
para ficarmos dentro da cancela
e presos seguimos em frente

sexta-feira, março 18, 2011

lugar sentido


lugar sentido
não pára em casa
não pára na vida
sentido oposto
na forma olhada
no vazio despido
não quebra o silêncio
não muda com o vento
sentido por fora
procurado por dentro
não escreve manhãs
não resume o tempo
mas constrói sentimento

quarta-feira, março 24, 2010

se te arrependeres


se te arrependeres
não te percas no caminho
tudo o que somos
são águas onde me afogo
são corpo e lençóis
poesia e alfabetos
se te arrependeres
traz-me abraços e cadernos
recortes e agendas
no dia de sentir
mas se te arrependeres
não soltes as palavras
agarra-me na mão
e viaja-me pela caneta
que escreve as estações
e se te arrependeres
leva-me para ti
porque preciso de respirar

terça-feira, outubro 20, 2009

uma sala para respirar


chegam de todos os lados
cansados
pegam na luz e apagam
cegam
agora perdidos os sentidos
restejam
soluções na televisão
perdão
mais do que falta de visão
insanidade
dentro de uma sala
oxigénio
receitas e medicamentos
sustento
insistência na conveniência
desisto

terça-feira, junho 23, 2009

como se chama aquela pedra que me ofereceste


há dias a mais no interior das palavras
é urgente ser-se vida
cantar aquilo que sabes
sentir palpitações indiscretas
e talvez utilizar frases inacabadas
mas que sei eu disso?
se não me dizes o nome da pedra que me ofereceste

(topázio, talvez)

sábado, junho 20, 2009

fragilidade e força


pedes-me a fragilidade
estranho-te a força
cheiras o oxigénio
respiro os minutos
perdes-te no caminho
e encontro o sentido
ganhas-me em metáforas
vigio-te com adjectivos

liberdades medicamente assistidas
até insanidades embaladas
caminhadas silenciosas
p'ra trocar correntes e reacções
e técnicas de procriação
tudo são possibilidades
nos dias de fragilidade à força

segunda-feira, maio 04, 2009

condensado


por instantes condensado
sérios diálogos
por entre filtros e desarrumos
limpa-se com soda cáustica
e parece tudo igual
mas somos diferentes por exigência
e respeitamo-nos por princípio
queremos ser mais vidro do que barro
só para parecermos coerentes
vendemos palavras
porque não sabemos construir frases
condensado e desconexo
e quase ganho o processo
manual para a felicidade


vozes da salvação cortam as esquinas
armadilham-me as palavras com mel e chocolate
espremem-me a ignorância ao som de amoras e violinos
redomas impermeáveis cobrem o meu fuso horário
estou protegido contra tempestades de ilusão
e encontro-me no sítio do costume
só lá me chamam pelo nome
como assimilo bem este estado crescente de hipocrisia
como gostam de mim quando me transformo
metamorfose controlada mas porque me exigem
medem-me o conhecimento pelo número de sorrisos
quero ser adulto para me poderem prender
mas eu ainda gosto de ovos kinder...

quinta-feira, abril 02, 2009

gabinete da juventude


tertúlias e jornais
convites por cortar
exposições por fazer
farturas para comer
biblioteca sozinha
linhas condutoras
e outras directrizes
não se sabe onde
apoios e actividades
encontros e saudades
à terça tudo se fabrica
gabinete da juventude
gabinete que não existe
se não houver atitude

dedicado a todos os gabinetes da juventude
cujos os membros gostam de farturas

sábado, fevereiro 28, 2009

serotonina


A vaguear sem garrafas de água
matam-se insectos por distracção
e tudo é patologia
aquele vocabulário bonito
onde muito fica por entender
injectem-me serotonina
e ácido acetilsalicílico
para acabar com a depressão
e matar a constipação

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

acreditamos


caímos de árvores
subimos onde podemos parar
o silêncio é distante
resolvemos problemas
e sorrimos
queremos ser invencíveis
de tão frágeis que somos
caminhamos com fraquezas
chamamos por nomes que não conhecemos
e sorrimos
a neve já cai de cor diferente
e nós já não queremos brincar
porque é cedo para ir
é cedo para apagar números
e não sorrimos
acreditamos que foi engano
as portas já não são as mesmas
ficam lágrimas e recordações
porque já não sorrimos
recusamos sorrir
sem motivo para partir
ainda ontem eramos dois
amanhã voltaremos a ser dois

dedicado ao amigo Zé (1989-2009)
Onde quer que te encontres
continuarás a marcar golos.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

pasto


passo no pasto
e quero saber
espeto um pau
mato animais
e começa a cadeia
interior


sonhos em tupparware
servidos à discrição
aceita-se o tempo
traçam-se direcções
as aves migratórias já não passam por aqui
e por aqui caem vozes que já não se levantam
minimalismos humanos a cores mas sem degradê
e tudo o vazio consome
alcatrões intactos
suicídio de cães e ratos
a terra perde para as ervas daninhas
o eco é mais forte
rouba-se sem medo e sem segredo
as pedras da calçada já foram homens
agora homens que são pedras
há vida dada pelo vento
mas não há sentimento
interior vazio
e animais sem cio
dissolve-se

sábado, agosto 30, 2008

flores de outono


flores de outono chegam
cedo p'ra jantar
já não têm seiva
p'ra se alimentar

flores de outono ficam
dias sem respirar
encontram lá um pouso
p'ra poderem secar

flores de outono morrem
sem nada p'ra contar
nem deixam semente
para germinar

terça-feira, abril 29, 2008

a voz que já não ouço


lembras-te?
seis da manhã e tu perguntavas
'tás a ouvir? 'tás a ouvir?
ao teu lado eu sentia-me vazio
também queria ir ao fundo de tudo
tu já o tinhas deixado de ser há muito
a vontade de perceber como brilham os pirilampos
a necessidade de sentir o deslizar do orvalho
ainda o dia não tinha nascido
e já fazias as tuas arqueologias matinais
porque a vida não pára para dormir...
ficarás cá dentro para sempre
agora eu consigo perceber porquê
porque sempre foste tu que me disseste
loucos são aqueles que não te querem entender...
depende II


resposta?
afirmação!
pergunta,
exclamação.
e tudo depende da pontuação...
depende I


depende da persistência
e da consistência
depende do número de metamorfoses
e das agulhas com que te coses
depende daquilo que nos faz parar
do que temos e não podemos dar
depende dos santos que nos vigiam
e do peso das ilusões que nos criam
dependemos
mas tudo seca.

quinta-feira, junho 21, 2007

ausência


correr em transplantes de oxigénio
com a alma a assobiar e não...
como ser ausente a prestações
p'ra não derramar desejos
apontar a direcção p'ra ver....
texturas em atrito e mais
manhã de fumo e alcatrão
em olhares que se querem difusos
sorrir em jeito de bricolage
dissecar palavras p'ra ter...
servir comodismo de condição
e ser vencido pelo tempo de processo
só porque já é tarde a tua ausência...

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

és poesia


és poesia que me veste
e me disfarça
és poesia que me limpa
e me ensina
és poesia que me culpa
e me deturpa
és poesia que me faz
e me desfaz
és poesia que me solta
e que me corta
és poesia que me mata
e me acorda
és poesia de manhã
e nesta luz
és poesia que eu quero
e nunca fiz

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

abraça-me antes de cortar o cabelo


se te sentir antes do céu
quero apanhar as sílabas
e construir as tuas palavras
um dia escrevo um livro
entre o ventre e agosto
máquinas de nada te servem
se não tiveres mãos...
mãos para me abraçar

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

guarda-me contigo
contra a parede
no teu bloco
na prateleira lá do canto
na enciclopédia
no banco detrás
guarda-me contigo
quando acordares
no teu olhar disfarçado
na tua cozinha
no teu conhecimento
dentro da tua máquina de lavar
guarda-me contigo
na tua ingenuidade
no teu vestido
dentro dos teus movimentos
nas pinturas da parede
nos teus copos de iogurte
guarda-me contigo
na caneta que te escreve
no café que absorves
com as tuas mãos que me conhecem
nas músicas que ouves
no incenso que inalas
guarda-me contigo
na água que te molha
na lâmina das tuas facas
com os segredos que me contas
na fechadura dessa porta
na tua irresponsabilidade temporária
guarda-me contigo
no lugar que te der mais jeito
e telefona de vez em quando...

sexta-feira, janeiro 26, 2007

poema fácil


é ter-te perto
com o teu corpo a flutuar na minha cabeça
com o teu sorriso a encher-me os olhos
com a tua respiração a soprar-me aos ouvidos
com o teu desejo a ajudar o meu a acender o teu
e estas palavras ficam tão fáceis de dizer
que até se tornam ingénuas
se queres saber mais
é só quereres perguntar-me
como é difícil perguntar por vezes!
e como temos receio de sentir
ou de dizer que sentimos...
já quase não tenho palavras
para me camuflar
como se vai tornando fácil
perder vocabulário dissimulado
e leva-me pra dentro da tua pele...

(É preciso dedicar?)
o rapaz que subia a montanha


parecia o início de um poema
parecia o lugar de ninguém
parecia o vento que corria
parecia o filho perdido da mãe

parecia outro lado de coisa alguma
parecia o tempo em hora de despedida
parecia o silêncio que não dormia
parecia a história de uma vida

parecia tudo o que não entendia
até parecia qualquer coisa estranha
só não conseguia parecer
o rapaz que subia a montanha

não parecendo quem era
mas sendo quem queria
ía subindo a montanha
que tinha de descer um dia

segunda-feira, janeiro 22, 2007

tempo ou a vontade de o fazer


pega-me e domina-te
para sentir a encontrar-me
abre uma fenda no meu corpo
para veres se ainda vivo
tu tens todas as ferramentas
escorre-me cor para as veias
não me digas quando acontece
e faz-me não ter a certeza
para poder repetir

quarta-feira, janeiro 17, 2007

saí para comprar palavras
daquelas sem conservantes
quando te encontrei
já estavam fora da validade

terça-feira, janeiro 16, 2007

a vontade
eu
mais além
estado liquído
o desespero
pela madrugada
fico ou não gosto de mim
e essa caixa que tem?
a solução?
é manhã
a vontade e eu
a ressaca
e o verbo depender
anda para trás
convida-me para entrar
injecta nos olhos
o brilho
espalha
que consegues fazer?
soletra o que penso
cronologia é só
vê-me
sem hesitar
ou elimina-me...
estranho dominio sobre um corpo adormecido


observo
conheço
além do visível
é como se me chamasses
inércia
desleixo
a maneira como respiras
e o lençol não cobre a imaginação
como é suave
esse teu corpo adormecido

sábado, janeiro 13, 2007

armadilhas-me o pensamento
atentados metafóricos
sem horário definido
e como eu gosto
mas vais ter de reivindicar...

terça-feira, janeiro 09, 2007

hoje é um dia
convertem-se horas
em palavras
em silêncio
em passos
em mais
convertem-se palavras
em silêncio
em passos
em mais
converte-se silêncio
em passos
em mais
convertem-se passos
em mais
converte-se mais
na facilidade de chegar
na dificuldade de partir
e o dia acabou
na esperança que chegue o outro
hoje foi um dia...

(Dedicado à Lurdes)

domingo, dezembro 03, 2006

e o amor é um dia mau
estas já não são as minhas costas
estes já não são os meus rebanhos
e depois nada semeio
com a certeza de canetas estragadas
com o fogo a queimar-me o ar
vem-me asfixiar
mas quero a tua liberdade
se me soltas, solto-me também
este dia é de amor
e o amor é um dia mau

sexta-feira, novembro 24, 2006

tempestades espontâneas
a lápis de carvão
pinta a boca a preto
para as palavras saírem de luto
podes levar os sonhos que me emprestaste
e leiloar as unhas com que me arranhaste
ainda levam restos da minha pele...

sexta-feira, outubro 27, 2006

como é bom ter uma conversa
e ficar mais ignorante!
pele com o teu sotaque é mais macia
toco-te ao longe e já imagino
falas de coisas que eu nem sei
entro pelo outro lado do mundo
e já nem quero saír
se eu te sentir então
tudo vai ser imprevisível
mas eu quero correr esse risco
adivinho-te em todas os lugares
crio-te em todas as manhãs
a meio da tarde voltamos a falar
e das coisas que eu continuo sem saber
quero sentir o teu respirar
em todos os meus poros
todos
é sexta-feira
ainda tenho tanto para não fazer
misturo amarelo com magenta
sai-me cor-de-rosa
estas tintas são uma fraude
e estes pincéis deturpam-me
há corrupção na pintura
há barulho nestas manchas
segui o teu conselho
mas não compro mais esta marca
uma parede de costas pintadas
idiota
cruza os braços
fala em vão
respiro mas asfixio
o sujeito da estação
meteu gasolina
saí sem pagar
idiota
foi o que eu ouvi
a estrada é seca
e eu já cheguei ao início
só me apetece não voltar
mas é lá que eu trabalho
idiota
é o que eu digo
matava se eu morresse
mas que sede de golpes nas costas
cortesia de uma boa marca de facas
é tinta que me sai das veias
é tinta que vai parando
não apago com qualquer borracha
idiota...

sexta-feira, outubro 20, 2006

vou afogar estes textos que escrevi
quero ouvir as palavras a gritar
talvez lhe junte um caldo Knorr
pra tornar mais saborosa a conversa

quarta-feira, outubro 18, 2006

tenho a vida lançada em fascículos
mas com a garantia da Planeta de Agostini
as primeiras fases são mais baratas
oferta de lançamento:
estádio sensório-motor e
estádio pré-operatório
por apenas uma dose de sanidade

domingo, outubro 15, 2006

ontem cheirava-me a girassois
hoje cheira-me a café torrado
escrevo com pedras na pele
e espero ver nascer cicatrizes
tento parar a auto-destruição
com betadine e álcool etílico
quando é que me envias aquelas palavras?
envia-mas por correio expresso
para me marcarem mais cedo
e mais cedo o tempo as apaga
vida prostituta a viajar em classe turística
é esta a revolta silenciosa
que me dilata as veias até rebentarem
mas não te esqueças,
envia-mas por correio expresso

sexta-feira, outubro 13, 2006

se decidires voltar para trás
toma atenção
porque o caminho já não é o mesmo...

sexta-feira, outubro 06, 2006

o homem que não sabia nadar
e que nadava sem saber
o homem que queria ser egoista
e que não era egoista sem querer
o homem que preferia não sentir
e que sentia sem o preferir
o homem que sabia o que queria
mas que foi abatido à saída de casa
com uma Smith & Wesson de calibre 38
o homem que pensou
que não valia a pena ser homem
o homem que pensou
que não valia a pena dar amor
o homem que pensou
que a relatividade dos corpos não deveria existir
o homem que pensou
que era eu
eu fui o homem que pensou
e pensei que não devia pensar
pensar torna-me humano
o homem que pensou
que não valia a pena ser homem
mas pensava
logo era homem
era amor
era relatividade
amor não tem relatividade
era homem
era amor
era relatividade
foi abatido
foi melhor assim...

quarta-feira, outubro 04, 2006

estás a ver essa camisola às riscas de marca que tens?
não gosto dela
tresandas a beto filhinho do papá
mas eu apanho-te aí numa esquina
olha pra todos os lados enquanto andares na rua
alguém sabe
às vezes fico cego
alguém sabe
às vezes fico perdido
alguém sabe
às vezes tenho de dormir
alguém sabe
às vezes tenho um bom jantar
alguém sabe
às vezes não sabe nada
não sabe nada
não sabe a nada

segunda-feira, outubro 02, 2006

atira-me dicionários
p'ra ver se encontro o significado
ou talvez nada
se todas as agulhas me causassem dor
não levava a vacina anti-tetânica
espetei-me nos olhos
vi que eram castanhos
e o dia continua com vinte e quatro horas
hoje injectei-me com Super Pop Limão
e desengordurei todas as minhas veias...

quinta-feira, setembro 28, 2006

tiraste-me os olhos mas não me tiraste a visão
levita essa tua biblia urbana
leva-me à incompreensão
já me cheirou aqui melhor
já me corrompi vezes demais
tiraste-me os dedos mas não me tiraste os aneis
desce essa tua biblia urbana
construí pontes nos rios que não existiam
atravessei mas não olhei para baixo
quente sangue
ar que que me asfixia
tiraste-me a cerca mas não me tiraste a as algemas
rasga essa tua biblia urbana
porque o rio aqui jamais passará